Geert Hofstede

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Hofstede e Hofstede (2004) aduzem que a cultura é aprendida e não herdada. É derivada do ambiente social e não de genes. Para ser devidamente compreendida, é necessário distingui-la da natureza humana, de um lado, e da personalidade humana, de outro. A natureza humana representa o que as pessoas são em sua essência, o que todos os seres têm em comum. São os sentimentos mais profundos, de medo, ódio, amor, alegria, tristeza, vergonha; é a necessidade de associar-se a outros seres humanos. Apesar de distinta da camada cultural, o modo como as pessoas expressam esses sentimentos é modificado de acordo com a cultura na qual estão inseridas.

Para distinguir uma cultura de outras, os autores propõem um modelo similar ao proposto por Schein (1992), segundo o qual as culturas se manifestam através de quatro camadas: símbolos, heróis, rituais e valores.  

Ilustrados como as “camadas de uma cebola”, esses elementos se organizam da seguinte forma: os símbolos constituem a camada mais superficial, seguidos dos heróis e dos rituais; os valores assumem o papel de “núcleo da cebola”, representando a camada mais profunda da cultura. 

QUESTÃO CERTA: A abordagem da cultura organizacional proposta por Geert Hofstede faz analogia às camadas da cebola ao representar os níveis em que a cultura se manifesta, de modo a descrever, da camada mais externa para o interior, os símbolos, os heróis, os rituais, os valores e, por fim, as práticas que permeiam todas as camadas.

Segundo Geert Hofstede, as pessoas de diferentes culturas reagem de maneira diferente a contextos semelhantes. Essa discrepância no comportamento pode ser explicada pelas diferenças culturais. Por exemplo, esses sentimentos podem ocorrer quando alguém interage com pessoas de outras subculturas, assim como de diferentes classes sociais, religião, sexo e até mesmo de diferentes regiões dentro do próprio país.

 

O autor desenvolveu uma teoria que explica esse fenômeno com base em estudos que realizou na década de 80, envolvendo mais de 50 culturas nacionais: a Teoria das Dimensões Culturais, que apresenta seis dimensões culturais:

 

1. ÍNDICE DE DISTÂNCIA DO PODER (PDI). O Índice de Distância do Poder descreve como os membros menos poderosos de uma sociedade aceitam e esperam certa desigualdade de poder. Os membros de sociedades com alto índice de distância do poder tendem a não questionar aqueles que estão em níveis mais altos de poder. Além disso, eles esperam que os membros mais poderosos lhes sirvam de guias para seu trabalho. Em culturas com baixo índice de Distância do Poder, as pessoas têm poder igual entre os seus membros, e avançar para um status mais elevado (através de educação, emprego, renda, etc.) é possível.

2. INDIVIDUALISMO VERSUS COLETIVISMO (IDV). Em uma sociedade individualista, os membros tendem a tomar decisões de forma independente e se preocupam consigo e com seus familiares mais próximos. Por outro lado, nas sociedades coletivistas, os laços grupais são fortes e a família inclui toda a extensão familiar (tios, tias, primos, etc.).

3. AVERSÃO À INCERTEZA (UAI). O Índice de Aversão à Incerteza explica como os membros de uma sociedade se sentem ao lidar com situações desconhecidas. Em culturas com forte UAI, as pessoas tendem a evitar riscos e situações inesperadas. A situação desconhecida cria grande ansiedade e estresse. Membros de uma cultura com UAI fraco tendem a serem mais tolerantes com aquilo que não podem controlar. A incerteza é aceita como parte da vida e as pessoas são geralmente mais relaxadas e flexíveis diante de situações desconhecidas.

4. MASCULINIDADE VERSUS FEMINILIDADE (MAS). Em sociedades com alta masculinidade, as pessoas são impulsionadas pela competição e pelos resultados. As pessoas tendem a serem assertivas e centradas no sucesso material. Em sociedades com baixa masculinidade ou com características de feminilidade, as pessoas estão focadas em construir boas relações e garantir uma melhor qualidade de vida para todos. Não é tão importante ser o melhor, desde que todos estejam felizes.

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5. ORIENTAÇÃO EM LONGO PRAZO VERSUS EM CURTO PRAZO (LTO). As sociedades com orientação em longo prazo incentivam as pessoas a investirem e serem econômicos. Ser persistente e cauteloso tem suas recompensas. Os membros da sociedade têm funções diferentes, os mais velhos devem ser respeitados e as relações são valorizadas. As sociedades com orientação de longo prazo também tendem a adaptar as tradições aos contextos modernos. As sociedades que têm orientação em curto prazo respeitam as tradições, mas incentivam a gastar e a obter lucros imediatos. O status dos membros não é tão importante e as relações são vistas como algo importante apenas se puder tirar proveito delas.

 

6. COMPLACÊNCIA VERSUS REPRESSÃO (IVR). Essa dimensão analisa a importância da felicidade e do controle da vida. As sociedades com alto índice de Complacência (alto IVR) permitem que as pessoas satisfaçam livremente suas necessidades humanas básicas e seus desejos, especialmente aqueles relacionados com o desfrute da vida e o divertimento. Nas sociedades com alto índice de Repressão (baixo IVR), as pessoas suprimem seus impulsos por meio de normas sociais restritivas. A sociedade tem uma alta consideração para a disciplina moral e as pessoas tendem a ser mais pessimistas.

QUESTÃO CERTA: O programa de concessões das rodovias do Estado de São Paulo proporcionou mais de quatro mil quilômetros em concessões, para mais de 10 empresas. Dentre as composições acionárias de parte dessas empresas, identifica-se algumas participações estrangeiras, ratificada pelo processo de globalização contemporâneo. Diante deste contexto, a multiculturalidade organizacional se faz presente e os impactos, segundo Hofstede, que uma cultura nacional pode exercer na cultura de uma organização transnacional são significativos. NÃO é “dimensão da cultura nacional” apontada por este autor: 

A) Evitar a incerteza.

B) Distância do poder.

C) Pragmatismo versus relativismo.

D) Individualismo versus coletivismo.

E) Masculino versus feminino.

QUESTÃO CERTA Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma dimensão cultural indicada nos estudos de Geert Hofstede: Controle de fobias.

QUESTÃO CERTA Geert Hofstede, na década de 80, estudou a relação entre a cultura organizacional e a cultura nacional. Pesquisou 160 mil executivos, bem como empregados de uma grande corporação multinacional, e os resultados de sua pesquisa orientaram fortemente as pesquisas sobre cultura organizacional até hoje. Os resultados mais importantes do seu trabalho foram:

I – a cultura nacional explica diferenças em atitudes e valores em relação ao trabalho.

II – fatores como posição na organização, profissão, idade e gênero explicam as atitudes e os valores em relação ao trabalho em uma organização qualquer.

III – tanto os administradores como os operários estão sempre situados na mesma posição nas dimensões: a) individualismo-coletivismo; e b) nível que evita a incerteza.

As alternativas corretas são: I e III.